quinta-feira, 17 de setembro de 2009

The past


Me deu uma loucura de encontrar o passado. E assim que o vi, diante de mim, com aquele cheiro característico das coisas velhas, antigas, as tristezas dos papéis há muito tempo não tocados, as cifras para violar estavam intactas, com aquela cor amarelada de quem há muito tempo não vê luz, pois estava escondidas no baú, a poeira do tempo.
Encontrei meus velhos cd’s, nossa, todos arranhados, coisa muito antiga mesmo, já que há poucos dias perdi todas as mais de 5.000 músicas que tinha, tentei fazer das tripas coração, copiar as velhas músicas dos cd’s arranhados. Que delícia escutar o cd da Legião Urbana, na mesma ordem que um dia os comprei. “Eu sou a tua morte, vi conversar contigo, vi lhe pedir abrigo, preciso do seu calor”. Escutar “Clarice”, a personagem que em tempos remotos me identificava, tínhamos a mesma idade, 14 anos, a diferença é que ela morre, e eu viva estou (por enquanto).
Cantei como a adolescente deslumbrada que era por um acorde bem feito, cantei como nunca, imaginando cada frase dita, revendo-me em dias antigos, eu era cheia de vida, cheia de amor no coração, tinha uma esperança que as coisas dariam certo, naquela época eu não lia Niezstche.
Uma pessoa que já morreu, hoje em mim, em contato com as antigas lembranças renasceu. Era uma pessoa que adorava guardar tudo que lia e achava interessante, que tinha uma velha máquina fotográfica, que nas últimas páginas dos cadernos sempre desenhava e escrevia alguns ditames. Parece que foi ontem. Eu era tão idealista, acreditava em tantas coisas e mudava de idéia constantemente, a cada nova teoria conhecida, um novo filosofo. Era um retalho de teorias e acreditava que com o pensamento dos outros, remotos, eu poderia mudar o mundo. Gente, eu adorava Marx, achava seu semblante tão acolhedor.
Vestia as camisetas que eu mesma pintava, com frases políticas de revolta, anarquistas. Hoje, sou a pessoa mais anômica que conheço.
Encontrei meus velhos cadernos e trabalhos da faculdade, os joguei fora, dentro de um saco preto assim como a minha memória.
“É a verdade que assombra, o descaso que condena, a estupidez de quem destrói, vejo tudo que se foi e o que não existe mais.”
Revi as fitas k7 que fazia colagem, nelas mesmo, e as emcapava com durex largo, essas nunca jogarei fora, são minhas primeiras colagens, já que adoro essa técnica.
Minhas velhas revistas, minhas fitas de vídeo gravadas da MTV, uma raridade do especial do Nirvana e Metálica. “Tudo passa, tudo passará, tudo passa... tudo passará”.
Alí enterrada entre as lembranças, foi meu velho eu, deixei algumas coisas, algumas cifras para violão, os ensinamentos de campo harmônico, arpejos, escalas naturais... até me arrisquei a dedilhar meu velho Chico (meu primeiro violão), estragando assim minhas unhas.
Hoje me permiti reviver minhas lembranças, as velhas fotos da turma que sentava na escadaria da padaria da praça, minhas camisas de banda, meu cd preferido do Ozzy (speak of the devil). Eu morri e renasci em um único dia.
“E nossa história, não ficará pelo avesso assim, sem final feliz, teremos coisas bonitas pra contar... e até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer, não olhe pra trás, apenas começamos, o mundo começa agora... apenas começamos.”

[Musicalidade: Maurício_Legião Urbana
Sentimento de hoje: Uma put* saudade!
Imagem: Eu! Tinha 15 anos.]

2 comentários:

Distantes Sonâmbulos. disse...

E dizem que águas passadas não movem moinhos...

ANA CRISTINA disse...

Nossa que profundo amigaa,n sei se relembrar o passado nos faz tão bem ,acho que momentaneamente até pode ser e é ,mas dps vem aquela sensação de que estamos em um mundo perdido de nós mesmas.Aiaiaiiaiaiaiai .