sexta-feira, 18 de julho de 2008

A vaidade como impulso exagerado de um estado anti-social


Por razões de segurança pessoal, os homens decretaram que são todos iguais para formar uma comunidade, mas visto que essa concepção é, em última análise, contrária à natureza de cada um e aparece como algo forçado, quanto mais a segurança geral é garantida tanto mais novos ímpetos do velho instinto de preponderância começaram a se mostrar: assim, na delimitação das castas, nas pretensões às dignidades e às vantagens profissionais e em geral nos aspectos da vaidade (maneiras, vestuário, linguagem etc.). Mas a partir do momento em que se começa a prever algum perigo para a comunidade, a grande maioria, que não faz valer sua preponderância, nos períodos de tranqüilidade pública, restabelece novamente o estado de igualdade: os privilégios e vaidades absurdos desaparecem por algum tempo. Se, no entanto a comunidade social desmoronar completamente, se a anarquia se tornar universal, o estado natural brilhará de novo, com a desigualdade despreocupada e absoluta como foi o caso na ilha de Córcira, segundo o relado de Tucídides. Não há nem direito natural nem injustiça natural.


Imagem
: Obra desconhecida_ Artista Descolhecido
Musicalidade: Anarchy in U.K._ Sex Pistols